quarta-feira, 23 de julho de 2008
da familia e não só...
Olhos da mãe...cabelo do pai, nariz do avô, sorriso da tia... e assim sucessivamente, somos analisados, classificados e catalogados à nascença. mau-feitio da mãe, diz o pai, teimosia do pá, diz a mãe... e, em breves minutos nada somos mais do que um conjunto de celulas do pai e da mãe que se multidividiram.
É certo que somos de onde viemos....mas seremos só isso?
ESte fds a minha fmilia reuniu-se TODA. Acreditem que é mais um dos fantasticos momentos que levo para o album de recordações da velhice...mas, no meio daquela confusão dos miudos, dos graúdos e dos mais graúdos ainda, pensei: é daqui que vim...mas não volto para eles.... vou com eles.
à minha familia, por ser tão especial e tão perfeitamente disfuncional (como todas as outras) OBRIGADO POR EXISTIREM
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Arte Poética
Gostaria de começar com uma pergunta
ou então com o simples facto
das rosas que daqui se vêem
entrarem no poema.
O que é então o poema?
um tecido de orifícios por onde entra o corpo
sentado à mesa e o modo
como as rosas me espreitam da janela?
Lá fora um jardineiro trabalha,
uma criança corre, uma gota de orvalho
acaba de evaporar-se e a humidade do ar
não entra no poema.
Amanhã estará murcha aquela rosa:
poderá escolher o epitáfio, a mão que a sepulte
e depois entrar num canteiro do poema,
enquanto um botão abre em verso livre
lá fora onde pulsa o rumor do dia.
O que são as rosas dentro e fora
do poema? Onde estou eu no verso em que
a criança se atirou ao chão cansada de correr?
E são horas do almoço do jardineiro!
Como se fosse indiferente a gota de orvalho
ter ou não entrado no poema!
Rosa Alice Branco
Soletrar o Dia. Obra Poética
Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2002
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