segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Amigos

Hoje estou para falar de amigos... Amigos, tenho encontrado alguns na minha vida: uns verdadeiros, outros falsos e outros de boca... É destes de boca que incide hoje o meu pensamento, aqueles que se dizem amigos, mas que falham em todas as provas que a vida lhes coloca para o demonstrarem... Aqueles que à primeira dificuldade se calam e permanecem escondidos na toca... aqueles que são incapazes de dizer que aquilo que pensamos são ilusões... e não dizem a verdade... Não, não são mentiras piedosas, essas eu entenderia... é simplesmente incapacidade de ser AMIGOS! Andam presos e presas sei lá a quê e não assumem as suas responsabilidades, ditadas pelas suas próprias palavras! São palavras duras de uma verdade constatada! Todos nós podemos dizer: "Sou teu amigo", mas o coração diz "sou um indivíduo manipulador e quero que tu me adores e estejas aqui para eu mandar em ti, abusar e sobretudo moldar a mim". Chego a esta conclusão tarde demais, depois de ter confiado, e de me ter desiludido!!! Amigo pode ser quem quer... desde que o seja com o coração e verdade! É um bem raro!!! Amigo não serve para nos passar lustro no ego, serve simplesmente para estar lá e tornar a nossa vida um pouco menos solitária e mais alegre! Serve para nos tentar compreender e para nos confrontar com as nossas más atitudes, e louvar as boas! Mas o amigo também tem de ser confrontado com as consequências dos seus actos... a amizade é recíproca... Enfim, pensamentos!!!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

É da vida

Como é já conhecimento de todos, este fim-de-semana fui visitar os meus pais. Chego ali a Tondela e o sentimento de chegar a casa começa a reconfortar já o coração. Neste fim-de-semana revi amigos que já não via há quase 10 anos. Com a distância (física e psicológica) , as coisas menos boas esbatem-se e guardamos dos tempos passados as melhores recordações...excepção feita aos traumatizados e aos pseudo traumatizados...mas quanto a esses...não há nada a fazer. Começo, então, a pensar em tantas pessoas que foram importantes na minha vida e que deixaram de o ser...pura e simplesmente...Uns porque a vida nos afastou...e desses guardo o maior dos carinhos e a maior das alegrias para qd os encontro... Outros porque não mereciam estar na minha vida e para esses guardo a maior das indiferenças... Os americanos...esse povo pouco inteligente, tem, por vezes alguns rasgos de sabedoria e este é um mimo desses: If you trick me once...shame on you, If you trick me twice...shame on me. Tantas vezes senti o shame on me... Adiante, a verdade é que o ser humano é mesmo capaz do melhor e do pior...e aos 30 anos...eu já deveria saber que o Pai Natal não existe. Já devia saber que a capacidade de nos desiludirmos com alguém é um bom sinal.. é sinal que nós temos sentimentos... Apesar de haver tanta gente que nos engana, que nos mente e que nos trai... a grandeza do nosso ser mostra-se na capacidade que temos de voltar a acreditar nas pessoas em geral e no ser humano em particular! Mostra-se na capacidade de chutar a bola para a frente e continuar em jogo, porque mais cedo ou mais tarde a vida vai mostrar que não se consegue enganar toda a gente durante todo o tempo. A todos os que mentem, enganam e desiludem, tenho a agradecer à vida por me ter afastado de voces e até vos desejo uma boa vida...mas se poder ser...longe daqui, por favor!!!!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Provérbios... (mais?)

"A felicidade do corpo consiste na saúde; e, a do espírito, no saber..." "A felicidade não é uma recompensa, é uma consequência..."

sábado, 18 de agosto de 2007

A volta da mulher morena

Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo E estão me despertando de noite. Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena Eles são maduros e úmidos e inquietos E sabem tirar a volúpia de todos os frios. Meus amigos, meus irmãos, e vós que amais a poesia da minha alma Cortai os peitos da mulher morena Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono E trazem cores tristes para os meus olhos. Jovem camponesa que me namoras quando eu passo nas tardes Traze-me para o contato casto de tuas vestes Salva-me dos braços da mulher morena Eles são lassos, ficam estendidos imóveis ao longo de mim São como raízes recendendo resina fresca São como dois silêncios que me paralisam. Aventureira do Rio da Vida, compra o meu corpo da mulher morena Livra-me do seu ventre como a campina matinal Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria. Branca avozinha dos caminhos, reza para ir embora a mulher morena Reza para murcharem as pernas da mulher morena Reza para a velhice roer dentro da mulher morena Que a mulher morena está encurvando os meus ombros E está trazendo tosse má para o meu peito. Meus amigos, meus irmãos, e vós todos que guardais ainda meus [últimos cantos Dai morte cruel à mulher morena! Vinicius de Moraes

domingo, 29 de julho de 2007

Procura-se um amigo...

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive. Vinicius de Morais

sábado, 9 de junho de 2007

"O silêncio é de ouro e muitas vezes é resposta." - Sabedoria Popular

Muitas vezes estamos tão empenhados em não ficar calados, que acabamos por falar tolices... Todos nós temos um pouco de "síndrome de galinhas"... De que se trata? Porventura já tentaram falar com algum elemento desta espécie?... Se sim, não o assumam por favor (os outros vão pensar que vocês estão malucos e pior: vão divulgá-lo). O que acontece, ouvi dizer por aí ;-), é que elas têm sempre a última palavra, digo cacarejadela... Pois eu acho que todos nós temos um pouco desta propriedade galinácia... Mesmo inconscientemente!!!Se quisermos e pudermos estar mais atentos vamos aprofundar as nossas competências sociológicas mas sobretudo vamos-nos divertir um pouco mais nesta sociedade de tolos que ao falar parecem... galinhas. P.S. Não me deixem ficar com a última palavra!!!!! Có Có Ri Có!!!

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Poema da Auto-estrada vs Descalça vai para a Fonte

Voando vai para a praia Leonor na estrada preta. Vai na brasa, de lambreta. Leva calções de pirata, vermelho de alizarina, modelando a coxa fina, de impaciente nervura. como guache lustroso, amarelo de idantreno, blusinha de terileno desfraldada na cintura. Fuge, fuge, Leonoreta: Vai na brasa, de lambreta. Agarrada ao companheiro na volúpia da escapada pincha no banco traseiro em cada volta da estrada. Grita de medo fingido, que o receio não é com ela, mas por amor e cautela abraça-o pela cintura. Vai ditosa e bem segura. Com um rasgão na paisagem corta a lambreta afiada, engole as bermas da estrada e a rumorosa folhagem. Urrando, estremece a terra, bramir de rinoceronte, enfia pelo horizonte como um punhal que se enterra. Tudo foge à sua volta, o céu, as nuvens, as casas, e com os bramidos que solta, lembra um demónio com asas. Na confusão dos sentidos já nem percebe Leonor se o que lhe chega aos ouvidos são ecos de amor perdidos se os rugidos do motor. Fuge, fuge, Leonoreta Vai na brasa, de lambreta. António Gedeão Descalça vai para a fonte Lianor pela verdura; Vai fermosa, e não segura. Leva na cabeça o pote, O testo nas mãos de prata, Cinta de fina escarlata, Sainho de chamelote; Traz a vasquinha de cote, Mais branca que a neve pura. Vai fermosa e não segura. Descobre a touca a garganta, Cabelos de ouro entrançado Fita de cor de encarnado, Tão linda que o mundo espanta. Chove nela graça tanta, Que dá graça à fermosura. Vai fermosa e não segura. Luís de Camões

quarta-feira, 30 de maio de 2007

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui!" Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. - Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! Tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátria, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura ! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou Sei que não vou por aí! José Régio

terça-feira, 22 de maio de 2007

Sou assim

Transcendente (que transcende). (?) Sobre-hurnano (além do humano). (?) Oh feliz de quem entende, de quem busca e surpreende os pontos, a recta e o plano! Um pobre homenzinho ignaro, com os pés colados ao mundo, olha o alto e olha o fundo, consegue ver tudo claro. Deus te abençoe, meu amigo. Deus te dê o que desejas. Que palpes, que oiças, que vejas o sonho que anda contigo. Todo claro é escuro em mim. Não tenho asas nem rabo. Não SOU Anjo nem Diabo. Sou ASSIM. António Gedeão Nota: "António Gedeão, nasceu em Lisboa, em 1906. António Gedeão é o pseudónimo poético do cientista e historiador Rómulo de Carvalho, licenciado em Ciências Físico-Químicas.Fez tardiamente a sua estreia poética, em 1956, mas cedo revelou a preocupação com o destino do homem. Morreu em 1997, em Lisboa." Fonte: http://www.nescritas.nletras.com/poetasdeexpport/PoetasExpPort/poetasindice/archives/2004_05.html

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Dissonância - Miguel Torga

É o mesmo rio a cantar contente e o mesmo ócio vegetal a ouvi-lo. E o mesmo céu tranquilo a reflectir-se na sua pureza. E sou eu, na incerteza destes dias traídos, a caminhar ao lado, desatento, alheado, sem ócio, sem pureza e sem ouvidos.

domingo, 20 de maio de 2007

"Não basta dirigir-se ao rio com a intenção de pescar peixes; é preciso levar também a rede"

Bom, de volta às postagens, com um novo estilo, mais tranquilo e sobretudo mais EU... Novidades: Deixei realmente de fumar :-) isto é, daqui a uns anos deverei fumar um cigarrito, mas agora ainda é cedo (pois porque isto de pensar que nunca mais se fuma stressa muito...) Segunda novidade: decisão de vida: agarrar as oportunidades com as duas mãos, dentes e pernas, pois podemos correr o risco de nunca mais as encontrar... eu sei!!!Vou começar a ser mais afoita e menos temerária!!! Andava demasiado presa! Uma coisa é ser ponderada outra é bloquear as situações e oportunidades!!!!Isto claro, com rede própria!!! Espero que gostem do meu novo velho estilo :-)

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Para mal que hoje acaba, não há remédio; o de amanhã basta.

Diz a sabedoria polular que não há mal que sempre dure.. nem bem que nunca acabe... ou ainda quando Deus fecha uma porta, abre sempre uma janela... Pois é, eu acredito que essas frases são unicamente de esperança, do tipo "mentiras piedosas"... acredito mais na sabedoria da frase que deu título a esta "postagem" (é assim que se diz???? ) A vida tem fases, e por vezes torna-se necessário encerrar uma determinada fase da vida, tipo arrancar um dente, para que o resto dela possa decorrer sem aflições de maior. O problema está na escolha das etapas a fechar... e a sabedoria de se viver feliz, parece assentar na capacidade, que queremos inata, de o fazer... Daqui resultam escolhas... o que para mim é difícil... mas tenho de as fazer... Beijinhos grandes

sábado, 20 de janeiro de 2007

"Não é o que possuímos, mas o que gozamos, que constitui nossa abundância." - Provérbio Árabe

Pois como diziam os Romanos, "não vá o sapateiro além dos sapatos", não me vou colocar com grandes dissertações existencialistas... No entanto hoje ando a pensar nas minhas "riquezas" ... Serão tangíveis? Intangíeveis? Pessoais? Sociais?
Para definir os meus maiores "bens" pensei que uma boa estratégia seria pensar: Se tivesse 5 dias de vida, que "coisas" gostaria de rever uma última vez? A família? O cão? O jardim? O dinheirito amealhado? Cá para mim gostava, claro, de os ver a todos... até era capaz, se para isso houvesse tempo, de gastar alguns tostões, dando-o a quem melhor uso dele fizésse... Ele só é necessário, se não tivermos dependentes, enquanto estamos vivos... Mas não é isso que eu mais gostava de não perder... As minhas maiores riquezas só podem existir porque eu existo... E foi mais fácil decidir... Para mim as minhas maiores riquezas são as minhas recordações e aprendizagens... e essas, garanto-vos, levo-as TODAS comigo! (mas quanto mais tarde melhor, claro)!
"Os ignorantes, que acham que sabem tudo, privam-se de um dos maiores prazeres da vida: APRENDER"